Depois da crise do sector financeiro e em plena recessão económica permitam-me reflectir aqui alguns aspectos que merecem alguma preocupação no domínio da gestão e à escala global, sobretudo em grandes e médias empresas, estejam estas em bolsa ou não.
Pelo simples facto de que os elementos dos Conselhos de Administração, Comissões Executivas, ou Conselhos de Gerência, se focarem numa gestão para o accionista, sem terem atenção que a valorização accionista ocorre quando a gestão tem como objectivo essencial criar valor para os seus stakeholders, o que é o mesmo que dizer, para a sociedade em geral onde a empresa está inserida.
Pelo que tenho observado e lido, mesmo inconscientemente, os executivos sentem que os seus prémios ou as renovações de mandatos estão directamente ligados à avaliação que os accionistas fazem dos resultados. Mas esquecem-se que esses mesmos "preciosos" resultados dependem grandemente dos stakeholders e não dos accionistas.
Muitos, tão "cegos" e sem verem esta vertente fundamental da gestão, tentam fazer uma "cosmética financeira compondo os números"... Chegam ao extremo de pensar que a situação da empresa é uma fatalidade e focam todas as suas energias nisto até arrebentarem com ela. Pois é... A isto chama-se uma gestão focada no accionista, que tantas e tantas vezes leva aos sufoco de muitas empresas e a consequente perda de Activos e de competitividade.
Se é um executivo ou accionista e estiver a ler estas palavras, ganhe consciência porque é que aqui chegou e porque as leu. A única solução é mesmo a nossa consciencialização a nível Golbal para a adopção de práticas e condutas eticamente correctas, onde o accionista nunca se deve intrometer na gestão executiva da empresa e exigir qualquer tipo de favorecimentos.
Não existem sistemas de Governança perfeitos, mas a gestão orientada para a sustentabilidade dos negócios é algo que tem que ser posto em prática em todas as empresas. A melhor forma será certificar práticas e não empresas ou organizações, e passar a exigir estas credenciais em todas as transações financeiras e comerciais.
Não basta evidenciar boas práticas pontuais. É necessário implementar uma cultura de sustentabilidade empresarial efectiva.
Alberto Miguel