Sustentabilidade ou Caridade?

Nesta ocasião natalícia multiplicam-se as ofertas especiais para consumo de produtos com "fundo social" (compre o produto XPTO, por cada venda vamos entregar x euros à associação XYZ).
Por outro lado, muitas empresas reforçam os seus programas de voluntariado, cedendo não só meios físicos e logísticos reforçados, como também permitindo que alguns dos seus colaboradores disponham do seu tempo em horário de trabalho, para ajudar em iniciativas de carácter social.

Embora muito louvável, consideramos estas iniciativas como a semente para que algo de mais profundo e mais consistente. São iniciativas muito esporádicas, e muito centradas na altura do Natal. Afinal “o Natal é quando o Homem quiser”. Para que uma entidade (pública, privada, sem fins lucrativos), tenha uma actuação sustentável, logo durável a longo prazo, é necessário que a sua operação não se restrinja apenas ao foco carititivo, mas que também considere como relevantes outras variáveis fundamentais: colaboradores, fornecedores, meio ambiente, accionistas, sócios, clientes/utentes.

Verifiquemos o caso paradigmático que apresentamos acima (o produto XPTO, com parte das receitas a reverterem para a associação XYZ). Se esse produto foi produzido com técnicas poluentes, se os colaboradores dessa empresa têm baixos salários, se os clientes não dispuserem de um eficiente sistema de reclamações, se alguns dos fornecedores utilizarem mão-de-obra infantil, será que a aquisição desse produto realmente dará um contributo positivo para a sociedade?


Elmano