O Fim do Petróleo - Petroleum crunch

Durante o século XXI parece inevitável o fim do petróleo (petroleum crunch) . O mundo não pode consumir 28 mil milhões de barris de petróleo bruto por ano e ilusoriamente esperar que este continue a ser 'sustentável'. Com reservas de petróleo estimadas em cerca de 1000 mil milhões de barris, é claro que dentro destas próximas décadas a oferta inevitavelmente deixará de cobrir a procura, na medida em que as reservas de petróleo gradualmente secarem. Para o observador perspicaz, as primeiras pequenas falhas energéticas já surgiram na California (a sexta economia do mundo) e no Brasil (um dos mais prometedores países em desenvolvimento). Estes primeiros sinais de perturbação assumiram a forma de cortes de corrente: a electricidade é o Calcanhar de Aquiles da energia. E quando acaba a luz, "voces voltam à Idade Média", segundo o Dr. Richard Duncan. DESACELERAÇÃO VOLUNTÁRIA
Por todo o globo, algumas pequenas minorias principiam a acordar para as ameaças a longo prazo. Suas motivações são certamente diversificadas, mas todas elas têm a 'sustentabilidade' como objectivo. Projectos de estudos sobre sustentabilidade básica estão a multiplicar-se por todo o mundo. Basta citar três exemplos: -Primeiro, o 'Projecto de indicadores de sustentabilidade' lançado por três municípios do Texas, que cobre 40 parâmetros relacionados com actividades sustentáveis sob quatro categorias: (1) Comunidade/infância; (b) Economia/força de trabalho; (c) Ambiente/saúde; e (d) Terra/infraestrutura. -Segundo, o 'Projecto sustentabilidade' principiado em 1999 pela University of Victoria, na Columbia Britânica (Canadá) que até agora concebeu um "Sistema de Administração Sustentável" (SMS), apoiou estudos sobre energia, ambiente, transportes e água, e ainda auditou todo os resíduos gerados no seu campus. -Terceiro, o "Movimento das cidades lentas" ("Slow Cities' Movement) lançado na região italiana da Toscania — para ser preciso em Greve, um pequeno centro urbano a cerca de 25 km de Florença — e agora circundado por umas 70 cidades toscanas, é um caso exemplar. Os objectivos pretendidos pela associação são salvar "a alma das cidades", bem como as zonas rurais, sua tradição e sua culinária.
MAIS LENTAS?
Alguns dos provérbios populares, como "A pressa leva ao fracasso" e "Devagar se vai ao longe", não foram forjados em vão pelos nossos antepassados ao longo dos séculos. Possivelmente, um modo de vida mais lento e mais calmo poderia realmente vir a enriquecer a vida comunitária e por fim a melhorar a qualidade de vida. Será que realmente precisamos de andar cada vez mais rápido? Para alcançar quem? Há um voto na lentidão nas campanhas anti-globalização que se espraiam por todo o mundo (como Seattle, Genova, ...). Há inegáveis sinais de que por trás do bruá-á existe uma reacção contra o super-rápido e o super-eficiente. As batalhas perfiladas parecem ser entre as "Forças da tradição" e as "Forças da velocidade". Uma luta global começou a opor o mercado aberto uma vez por semana à superloja, a padaria tradicional à fábrica de pão completamente automatizada, e o restaurante local fora de moda ao fastfood relâmpago. Postas em perspectiva, estas são as primeiras fagulhas de uma prolongada contestação que lança a generalidade das pessoas contra a eficiência organizada. Não é preciso dizer que o resultado final deste duelo desigual está decidido de antemão: a generalidade dos indivíduos prevalecerá, como sempre aconteceu.
RETORNO ÀS RAÍZES
Todas as vezes em que é confrontado com a mais vaga sensação de insustentabilidade, o Homem instintivamente retorna às suas raízes. Quando travado nos seus caminhos por circunstâncias fora do seu controlo (como por exemplo fornecimentos de petróleo reduzidos), ele terá apenas uma forma de sair da sua difícil situação: agarrar-se àquilo que tem: suas tradições, sua história, sua cultura — numa palavra, suas 'raízes'. Assim, com a 'insustentabilidade' a assomar bombasticamente durante o século XXI, o Homem será cada vez mais atraído para as suas fontes originais e para velocidades mais baixas — ou seja, retornará às cores e aos ritmos da Mãe Natureza. No fim, os vencedores finais serão aqueles com raízes mais profundas — especialmente aqueles que tiveram a previsão de cuidadosamente preservarem as suas durante o turbulento século XX. E ai daqueles que perderam as suas raízes. À escala individual, os prémios finais irão para aqueles que estão preparados para fazer os sacrifícios necessários. Além disso, aqueles que têm humildade — uma qualidade humana altamente apreciada por Deus Poderoso — atravessarão melhor do que outros os labirintos e caminhos tortuosos que estão por vir.

(excerto final do artigo de A. M. Samsam Bakhtiari tradução de J. Figueiredo)

A. M. Samsam é um perito e analista sobre o Petróleo Iraniano e a sua exploração massiva.

Entretanto os carros eléctricos começam já a ser uma realidade e é possível converter o seu carro. Ora vejam:

Alberto Miguel