Algumas notas sobre o 3º sector e uma Gestão Sustentável

Peter Drucker

Hoje em dia cada vez mais se referencia o denominado 3º sector, como uma componente da Economia com um peso crescente. O grande “guru” da Gestão, Peter Drucker, consciente dessa importância dedicou-lhe um livro Administração de Organizações Sem Fins Lucrativos: Princípios e Práticas.(1990).


Nesta designação cabem várias outras designações como Economia Social, Economia Cooperativa, Organizações não governamentais etc, ou seja todas as organizações privadas, que embora gerando produtos e serviços com valor económico e social, não têm fins lucrativos., não cabendo no sector público (administrado pelo Estado), nem no sector privado (lucrativo). Assim, cabem neste sector Cooperativas de todo o tipo, Associações, Fundações, Instituições Particulares de solidariedade Social, etc.


Na sua génese, tendo estas organizações fins não lucrativos, a sua actividade gera efeitos positivos na sociedade num todo, e na sua comunidade de inserção em particular. Em traços muito grossos poderíamos até afirmar que o 3º sector é constituído por entidades especializadas em maximizar o benefício social do stackeholder Sociedade e Comunidade.


Contudo tendo princípios louváveis, não quer dizer que a sua actividade seja sustentável. O conceito de Gestão Sustentável, aplica-se de igual modo às entidades do 3º sector.


Tomemos o exemplo de uma IPSS, que gere um lar sem fins lucrativos. Suponhamos que até de boa qualidade e com um preço razoável para os seus utentes. Deverá esta IPSS limitar a formação e baixar ao máximo a remuneração dos seus colaboradores, repassando estes ganhos para os utentes, pagando estes prestações mais baixas? Deverá escolher sempre na sua compra produtos mais baratos, mesmo que provenham de empresas socialmente irresponsáveis? Deverá esta IPSS contratar a prestação de serviços de manutenção a empresas clandestinas em termos fiscais e laborais?


Na nossa opinião, tal como nas Empresas, a médio prazo, os ganhos conseguidos ter-se-ão dissipado pela decadência lógica dos serviços aos utentes, pela possível degradação da imagem pública por auxiliar a fraude fiscal, para além de que os ganhos sociais deverão ser claramente inferiores aos prejuízos causados por esta IPSS. Não estará o objecto desta a ser pervertido?


Uma Gestão Sustentável, aplica-se então com igual equidade tanto no sector privado, público, ou no terceiro sector.


Elmano