Quando as ideias dos trabalhadores contam - parte II

O anterior paradigma de produção, organização e gestão de pessoas deu lugar ao novo paradigma de um economia do conhecimento, da inovação e da aprendizagem, no qual a autoridade e o estatuto dentro de cada grupo passa cada vez mais a basear-se no conhecimento e capacidade para acrescentar valor e menos na posição hierárquica. Acreditamos haver uma clara propensão para que de futuro as organizações se caracterizem por uma constante busca pela aprendizagem, à medida que os seus colaboradores ganham novos conhecimentos. Estamos a assistir actualmente à redução do número de níveis hierárquicos, sobretudo os intermédios, à introdução em larga escala do trabalho em equipa e de unidades de negócio, envolvendo polivalência e elevado grau de autonomia à maior qualificação dos trabalhadores, à introdução da comunicação e partilha dos objectivos globais do negócio, e à definição de objectivos de grupo. É fácil de prever uma maior e mais célere concorrência entre empresas, produtos e serviços, uma maior urgência nas respostas às necessidades do mercado e maior satisfação e motivações individuais, para melhores desempenhos, mais resultados e novas formas de trabalho. As empresas estão assim cada vez mais conscientes da importância dos seus colaboradores, na medida em que os trabalhadores do conhecimento são finalmente, e pela primeira vez na história, os verdadeiros detentores dos factores de produção, transformando cada empresa numa “Learning Organization”, onde todos e cada um trabalha e aprende continuadamente, ou é despedido. Veja-se por exemplo as políticas e modelos de gestão e liderança seguidas por grandes multinacionais Japoneses como são a Toyota, Datsum e Mistubishi, que sistematicamente interpelam, semanalmente, transversal e verticalmente, todos os trabalhadores de determinados sectores ou unidades mais críticas, com o objectivo de analisarem e resolveram problemas detectados ou percepcionados, e dar espaço a ideias novas que venham a surgir. Referindo o Professor David Garvin, de Harvard Business School, que diz que na economia do conhecimento dos nossos dias, a velocidade a que as organizações aprendem, pode muito bem ser o único factor de competitividade que lhes reste. Veja-se que produtos, serviços, processos e organizações são facilmente copiáveis. No entanto motivar, alinhar e fazer acontecer, de uma forma coerente, e movimentar toda a organização focada num objectivo comum e de um forma célere, será claramente o factor diferenciador e de competitividade predominante para ganhar vantagens competitivas sustentáveis. Ser uma organização que aprende não é só ter colaboradores altamente qualificados e competentes, mas tê-los também motivados, alinhados e envolvidos permanentemente na gestão do conhecimento, que assim aplicada na organização, promove a performance individual e colectiva. Termino este post com duas citação de Peter Drucker para vossa reflexão: - “Na sociedade e nas organizações de hoje, as pessoas trabalham cada vez mais com o conhecimento, mais do que com as competências. O conhecimento transforma-se a si mesmo. Torna-se obsoleto muito rapidamente.” - “Os profissionais do conhecimento devem assumir a responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento e colocação no mercado de trabalho.” in Peter F. Drucker in Asia Texto adaptado e acrescentado, do artigo base: “Quando as ideias dos trabalhadores contam” de Raquel de Carvalho Alberto Miguel