A essência do termo sustentável é bastante simples: "aquilo que pode ser mantido ao longo do tempo". Implicitamente, isto significa que qualquer sociedade, ou qualquer aspecto de uma sociedade, que seja insustentável, não pode ser mantido por muito tempo e deixará de funcionar numa qualquer altura.
É provavelmente seguro assumir que nenhuma sociedade poderá ser mantida para sempre: os astrónomos garantem-nos que daqui a uns milhares de milhões de anos o Sol terá aquecido ao ponto em que os oceanos se evaporarão e a vida no nosso planeta terminará. Desta forma, sustentabilidade é um termo relativo. Parece então ser razoável tomar como marco temporal de referência as durações das civilizações anteriores, que variaram de várias centenas a vários milhares de anos. Sendo assim, uma sociedade sustentável seria aquela que fosse capaz de se manter durante muitos séculos no futuro.
No entanto, a palavra sustentável tem sido amplamente usada nos anos recentes para, de um modo vago e geral, referir apenas as práticas que têm a reputação de estarem mais de acordo com um meio ambiente saudável do que outras. Esta palavra é, com frequência, muito negligentemente usada, de tal maneira que tem levado alguns ecologistas a aconselhar o abandono do seu uso. Ainda assim, creio que o conceito de sustentabilidade é essencial para compreender e solucionar o dilema ecológico das nossas espécies, e que a palavra poderá ser reabilitada se estivermos dispostos a despender um pequeno esforço para chegarmos a uma definição clara.
História e antecedentes
O conceito essencial de sustentabilidade foi incorporado na visão mundial e nas tradições de muitos povos indígenas; por exemplo, foi um preceito de Gayanashagowa, ou a Grande Lei da Paz (a constituição dos Haudenosaunee ou as Seis Nações da Confederação dos Iroquois) que levava os chefes a avaliar o impacte das suas decisões sobre a sétima geração futura. O primeiro uso europeu conhecido de sustentabilidade (em alemão: Nachhaltigkeit) ocorreu em 1712 no livro Sylvicultura Oeconomica pelo silvicultor e cientista alemão Hannss Carl von Carlowitz. Mais tarde, os silvicultores franceses e ingleses adoptaram a prática de plantar árvores como um caminho para a "silvicultura de rendimento contínuo".
O termo começou a ser mais difundido depois de 1987, quando o Relatório Brundtland da Comissão Mundial de Ambiente e Desenvolvimento definiu desenvolvimento sustentável como sendo o desenvolvimento que "satisfaz as necessidades da geração actual sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer as suas próprias necessidades". Esta definição de sustentabilidade teve a capacidade de, na época, ser muito influente, sendo ainda amplamente usada; não obstante foi criticada por não identificar de uma forma explícita a insustentabilidade do uso de recursos não-renováveis, nem o problema do crescimento da população.
Ainda nos anos oitenta, o oncologista sueco Dr. Karl-Henrik Robèrt reuniu os principais cientistas suecos para estabelecerem um consenso sobre as exigências de uma sociedade sustentável. Em 1989 ele formulou este consenso baseado em quatro condições para a sustentabilidade que por sua vez configurou a base do estabelecimento para uma organização, O Passo Natural (The Natural Step). Subsequentemente, as principais 60 corporações suecas e 56 municipalidades, assim como muitas empresas de outros países, empenharam-se no cumprimento das condições da O Passo Natural. As quatro condições são as seguintes:
1. Para que uma sociedade seja sustentável, as funções da natureza e a diversidade não deverão estar sistematicamente sujeitas a concentrações crescentes de substâncias extraídas da crosta terrestre.
2. Para que uma sociedade seja sustentável, as funções da natureza e a diversidade não deverão estar sistematicamente sujeitas a concentrações crescentes de substâncias produzidas pela sociedade.
3. Para que uma sociedade seja sustentável, as funções da natureza e a diversidade não deverão ser sistematicamente empobrecidas através de deslocamento físico, da sobre-exploração, ou de outras formas de manipulação do ecossistema.
4. Numa sociedade sustentável, as pessoas não deverão estar sujeitas a condições que sistematicamente debilitam a capacidade de satisfazerem as suas necessidades.
É provavelmente seguro assumir que nenhuma sociedade poderá ser mantida para sempre: os astrónomos garantem-nos que daqui a uns milhares de milhões de anos o Sol terá aquecido ao ponto em que os oceanos se evaporarão e a vida no nosso planeta terminará. Desta forma, sustentabilidade é um termo relativo. Parece então ser razoável tomar como marco temporal de referência as durações das civilizações anteriores, que variaram de várias centenas a vários milhares de anos. Sendo assim, uma sociedade sustentável seria aquela que fosse capaz de se manter durante muitos séculos no futuro.
No entanto, a palavra sustentável tem sido amplamente usada nos anos recentes para, de um modo vago e geral, referir apenas as práticas que têm a reputação de estarem mais de acordo com um meio ambiente saudável do que outras. Esta palavra é, com frequência, muito negligentemente usada, de tal maneira que tem levado alguns ecologistas a aconselhar o abandono do seu uso. Ainda assim, creio que o conceito de sustentabilidade é essencial para compreender e solucionar o dilema ecológico das nossas espécies, e que a palavra poderá ser reabilitada se estivermos dispostos a despender um pequeno esforço para chegarmos a uma definição clara.
História e antecedentes
O conceito essencial de sustentabilidade foi incorporado na visão mundial e nas tradições de muitos povos indígenas; por exemplo, foi um preceito de Gayanashagowa, ou a Grande Lei da Paz (a constituição dos Haudenosaunee ou as Seis Nações da Confederação dos Iroquois) que levava os chefes a avaliar o impacte das suas decisões sobre a sétima geração futura. O primeiro uso europeu conhecido de sustentabilidade (em alemão: Nachhaltigkeit) ocorreu em 1712 no livro Sylvicultura Oeconomica pelo silvicultor e cientista alemão Hannss Carl von Carlowitz. Mais tarde, os silvicultores franceses e ingleses adoptaram a prática de plantar árvores como um caminho para a "silvicultura de rendimento contínuo".
O termo começou a ser mais difundido depois de 1987, quando o Relatório Brundtland da Comissão Mundial de Ambiente e Desenvolvimento definiu desenvolvimento sustentável como sendo o desenvolvimento que "satisfaz as necessidades da geração actual sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer as suas próprias necessidades". Esta definição de sustentabilidade teve a capacidade de, na época, ser muito influente, sendo ainda amplamente usada; não obstante foi criticada por não identificar de uma forma explícita a insustentabilidade do uso de recursos não-renováveis, nem o problema do crescimento da população.
Ainda nos anos oitenta, o oncologista sueco Dr. Karl-Henrik Robèrt reuniu os principais cientistas suecos para estabelecerem um consenso sobre as exigências de uma sociedade sustentável. Em 1989 ele formulou este consenso baseado em quatro condições para a sustentabilidade que por sua vez configurou a base do estabelecimento para uma organização, O Passo Natural (The Natural Step). Subsequentemente, as principais 60 corporações suecas e 56 municipalidades, assim como muitas empresas de outros países, empenharam-se no cumprimento das condições da O Passo Natural. As quatro condições são as seguintes:
1. Para que uma sociedade seja sustentável, as funções da natureza e a diversidade não deverão estar sistematicamente sujeitas a concentrações crescentes de substâncias extraídas da crosta terrestre.
2. Para que uma sociedade seja sustentável, as funções da natureza e a diversidade não deverão estar sistematicamente sujeitas a concentrações crescentes de substâncias produzidas pela sociedade.
3. Para que uma sociedade seja sustentável, as funções da natureza e a diversidade não deverão ser sistematicamente empobrecidas através de deslocamento físico, da sobre-exploração, ou de outras formas de manipulação do ecossistema.
4. Numa sociedade sustentável, as pessoas não deverão estar sujeitas a condições que sistematicamente debilitam a capacidade de satisfazerem as suas necessidades.
Sentindo a necessidade de contabilizar ou criar um procedimento com o qual fosse possível medir a sustentabilidade, em 1992 o ecologista canadiano William Rees introduziu o conceito da Pegada Ecológica, definido como a área de terra e água que hipoteticamente uma população humana necessitaria para obter os recursos exigidos à sua própria sustentação e para absorver os seus desperdícios, em função da tecnologia em uso. O que se infere desta definição é o reconhecimento de que, para a humanidade alcançar a sustentabilidade, a pegada da totalidade da população mundial deve ser inferior à área total terra/água da Terra (aquela pegada é actualmente calculada pela Footprint Network como sendo aproximadamente 23% maior do que o planeta pode regenerar, concluindo-se que a espécie humana está a operar de um modo insustentável).
Num trabalho publicado em 1994 (e revisto em 1998), o professor catedrático de física Albert A. Bartlett formulou as 17 Leis da Sustentabilidade, procurando clarificar o significado de sustentabilidade em termos de população e consumo de recursos. As críticas de Bartlett ao uso descuidado deste termo, e a sua rigorosa demonstração das implicações de crescimento continuado, foram importantes influências no presente esforço do autor para definir o que é genuinamente sustentável.
Parte de um texto de Richard Heinberg
Voltaremos a este assunto muito em breve...
Alberto Miguel
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